No dia 10 de dezembro de 1986, o então Ministro do Trabalho Almir Pazzianotto assinou a aprovação e o reconhecimento do “Sindicato dos Professores de Caxias do Sul”. A Carta Sindical foi publicada no Diário Oficial em 18 de dezembro de 1986. Isso foi resultado de mais de oito anos de mobilização.
Com o golpe militar de 1964, o movimento sindical foi esfacelado. As lideranças foram presas, torturadas, levadas ao exílio e à morte. Com a censura, os professores também foram condenados ao silêncio, perdendo a liberdade de opinião.
No final da década de 70, desenha-se uma abertura política, por um lado correspondendo à pressão da sociedade civil insatisfeita, por outro respondendo à pressão internacional num momento de reordenamento do capital (Terceira Revolução Científica). Os sindicatos, que lutavam contra a exploração do capital, passam a reivindicar em primeiro lugar a manutenção dos empregos.
Nos anos 80, o Brasil vive uma explosão inflacionária, com o fim do padrão de acumulação que caracterizou o “Milagre Brasileiro”. A ditadura deixou o saldo de um estado desenvolvimentista, herdeiro e multiplicador do déficit público. Um país sem garantia de direitos sociais, com uma cultura dependente.
É nesse contexto que os trabalhadores das escolas particulares de Caxias organizam o seu sindicato. Durante quase 50 anos, o Sindicato dos Professores do Rio Grande do Sul (Sinpro/RS) foi a única representação da categoria no estado. Era pouco o contato com os professores de Caxias, apesar de serem descontados valores dos salários para o Sinpro/RS, como determinava a legislação. Eram apenas 12 associados em Caxias do Sul. Essa situação incomodava os professores.
Inspirados pela mobilização dos colegas da rede estadual que fizeram sua primeira greve naquele ano, um grupo criou, em 23 de novembro de 1979, a Associação dos Docentes da Universidade de Caxias do Sul (Aducs), com o objetivo de vir a constituir um sindicato. Pouco mais de dois meses depois, em 15 de fevereiro de 1980, professores e funcionários das instituições de ensino particulares de Caxias do Sul fundavam a Associação Profissional dos Professores e Auxiliares de Administração Escolar.
Apenas 32 dias após sua fundação, essa associação obteve certificado de registro, habilitando-a a transformar-se em sindicato, num prazo de dois anos. Em setembro de 1982, uma assembleia na sede dos Sindicatos Reunidos aprovou os estatutos padrão e elegeu a diretoria provisória para levar adiante a tarefa de formalizar a criação do sindicato. Em abril de 1983, o processo solicitando a criação do sindicato foi enviado para Brasília, mas retornou indeferido em novembro de 1984, porque não seria possível manter as duas categorias: de professores e auxiliares, numa mesma entidade sindical. Os auxiliares em administração escolar desmembraram-se da associação e conseguiram ter o seu sindicato (SAAE/Caxias), aprovado em 23 de outubro de 1985 e que atualmente denomina-se Sintep/Serra-RS.
Os professores também recomeçaram sua organização. Em 29 de junho de 1985, criaram a Associação Profissional dos Professores de Caxias do Sul, em assembleia geral na sede dos Sindicatos Reunidos. Foram aprovados os estatutos e eleita a diretoria e o conselho fiscal. Em 14 de novembro do mesmo ano, novo processo para constituição do Sinpro/Caxias foi encaminhado. O Ministério do Trabalho solicitou no processo parecer favorável do Sinpro/RS sobre o pedido, que foi anexado em agosto de 1986. Finalmente, após quase oito anos de mobilização, no dia 10 de dezembro de 1986, o Ministro do Trabalho Almir Pazzianotto assinou a aprovação e o reconhecimento do “Sindicato dos Professores de Caxias do Sul”.
A Carta Sindical foi publicada no Diário Oficial, em 18 de dezembro de 1986.